Apr 18, 2007

Agridoce

E tu sorriste,
e eu perdi-me nos teus olhos,
doces como amêndoa,
que escondem o perigo da sedução.

E à volta do fogo dançámos,
e mesmo antes de saltar,
ficaste marcada com
o sinal da minha culpa.

Outro dia apareceste,
sem rasto foste embora,
ficou o doce do aroma
de um beijo ausente.

Cheio e vazio,
deliciado e enjoado,
fascinado e amedrontado,
feliz...

...mas infinitamente triste.

Apr 9, 2007


O dia passa para noite...
não que fizesse diferença,
passaste o teu tempo,
num túmulo sem luz,
que ergueste para te esconderes da vida.

Um cão ladra ao longe,
interrompe o silêncio egípcio das casas,
de luzes apagadas.
Ouves o murmurio sonolento de um carro,
o chiar de dor dos carris,
onde passa o metro,
agora vazio... como tu.

Estarás tu sozinho,
a esta hora tardia,
a ouvir a escuridão,
que te assalta o interior?

É uma pergunta sem resposta,
o medo do eco contraria,
a vontade de gritar por alguém,
que sabes não existir.


Apr 7, 2007

Vazio

...Vazio,
não como o mar,
onde te perdes no azul profundo da tranquilidade,
não como a terra,
que encerra a promessa da vida,
não como o céu,
que espelha nos teus olhos o azul da esperança,
não como o sol,
cujo calor alimenta a alma,
não como a chuva,
que mergulha no esquecimento a dor de viver,
não como o fogo,
que é maldição e salvação,
não como o vento,
ele empurra o destino na tua direcção.

Estás vazio, como algúem que olha o amor,
como uma montanha,
quanto mais te aproximas,
mais difícil parece alcançar o teu destino.
Sempre ao alcance do olhar, mas sempre, sempre inatingível.

Lá em cima um dia chegaste, apenas para cair no abismo
e esquecer porque o tinhas escalado.

São assim as memórias do hipotético...